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Virgem da Revelação

  • jcbcamara
  • 3 de abr.
  • 8 min de leitura

Atualizado: 12 de abr.

Tre Fontane, Roma, 1947.

 

Gruta das Três Fontes

Do outro lado da rua da abadia e igreja de San Paolo alle Tre Fontane ("São Paulo nas Três Fontes"), em Roma, fica a Gruta das Três Fontes, onde a cabeça de São Paulo teria quicado três vezes quando ele foi decapitado.

Hoje é um santuário dedicado à Virgem da Revelação, local de uma aparição que foi reconhecida pelo Papa João Paulo II em 1997, quando ele aprovou a renomeação do local como “Santa Maria do Terceiro Milênio nas Três Fontes”.

Início das aparições 

No sábado depois da Páscoa, 12 de abril de 1947, o condutor de bonde Bruno Cornacchiola (1913 -2001), de 34 anos, achava-se livre de serviço depois do meio-dia e queria aproveitar aquela linda tarde de primavera para fazer uma excursão a Ostia com seus três filhos, mas como perderam o trem, resolveram ir a Via Laurentina em Tre Fontane, lugar famoso pelo martírio de São Paulo e pelo chocolate dos monges Trapistas. Bruno conhecia muito bem o lugar com seu bosque de eucaliptos, silencioso e tranquilo, longe do ruído da grande cidade de Roma.

Bruno havia lutado na Espanha, como legionário, a favor dos comunistas, e fazia cinco anos que abandonara a religião católica seguindo primeiro a doutrina dos batistas e depois a dos adventistas. Era fervoroso propagandista de sua crença, e lia com assiduidade a Bíblia protestante, à procura de textos que pudesse utilizar em ataques contra a Igreja Católica. Ele tornou-se um obstinado inimigo da Igreja Católica durante a Guerra Civil na Espanha (1936-1939), onde foi convencido por um militar alemão luterano a aceitar o protestantismo. Cego pelo ódio, em Toledo, compra um punhal para matar o Papa. Retornando à casa, ele impõe a mulher, Iolanda de segui-lo no protestantismo. Ela aceita depois de tentar convencê-lo do contrário e pede-lhe, como última esperança, a prática da devoção dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, a cada primeira sexta-feira do mês durante nove meses.

Naquele fim de semana, Bruno se entretinha, em Tre Fontane, em preparar um discurso que deveria apresentar no dia seguinte com o tema: “Maria não é sempre Virgem e Imaculada”. Seria a ocasião para tornar-se pastor adventista e resgatar-se de um passado transcorrido na miséria e na ignorância também religiosa.

Lia, apontando no papel os pensamentos para a conferência que devia ser lida no dia seguinte, enquanto seus filhos continuavam a brincar de futebol com uma bolinha de borracha, à sombra do bosque de eucaliptos. Súbito, o seu trabalho é interrompido: Isola, de 10 anos, e Carlos, de 7, gritam:

“Papai, papai, perdemos a nossa bola! Perdemos a nossa bolinha!”

Bruno sai à procura da bola em companhia das crianças, depois de ter dito a Gianfranco, de 4 anos, que ficasse ali numa gruta situada na parte mais alta do bosque, olhando as revistas infantis ilustradas.

Os três percorrem então o mato à procura da bola; mas, como o filhinho mais moço não respondesse mais, como antes, à voz do pai, dirigiu-se este, muito preocupado, para a gruta, à entrada da qual encontrou, com grande espanto, o pequeno Gianfranco ajoelhado, as mãos postas, repetindo sempre, a sorrir:

“Bella Signora! Bella Signora!”

A atitude católica de oração da criança era inteiramente contrária aos costumes da família Cornacchiola. Além disso, o menino nem era batizado. O pai chamou Isola, que se encontrava acima da gruta, e perguntou a ela e a Carlos, que se achava ao lado:

“Vocês estão vendo alguma coisa na gruta?”

 “Não, papai!”, responderam.

Mas, no mesmo instante, Isola cai de joelhos e, de mãos postas como o irmãozinho, repete:

“Bella Signora! Bella Signora!...” 

E também Carlos se ajoelha e balbucia como que extasiado:

“Bella Signora! Bella Signora!...”   

Bruno sacode as crianças, porém elas continuam na mesma posição, com os rostos pálidos, mas inteiramente espiritualizados, e os olhos muito abertos, fixos em um mesmo ponto da gruta.

Bruno é, no fundo, de natureza religiosa, crê em Deus, crê em Cristo e também no demônio. Temendo que os filhos estivessem sob o influxo demoníaco, rezou do fundo do coração:

“Senhor, salvai-nos!”

Foi como se mãos invisíveis o tivessem sacudido, e que alguém lhe tivesse arrancado a venda que lhe cobria os olhos. (Tudo isso ele mesmo narrou ao Sr. Lacatelli, colaborador do Giornale d’Itália.) Súbito, Bruno se sente leve como uma pena. Da gruta sombria não vê mais nada, a não ser que lhe parece inundada de luz deslumbrante, e naquela claridade excelsa Bruno vê uma encantadora figura de mulher, verdadeira formosura oriental, como se expressou ele, de 1,65m de altura conforme lhe pareceu.

Os pés nus pousavam sobre um bloco de pedra, atualmente conservado no vizinho convento dos trapistas. O corpo da celestial aparição está envolto numa túnica branca, presa por uma faixa rósea. Da cabeça, desce-lhe um manto verde até os pés. Na mão direita segura um livrinho cinzento. A esquerda aponta para baixo, indicando uma veste negra (batina?) no solo; perto havia uma cruz quebrada.

Bruno Cornacchiola disse ouvir uma voz a nenhuma outra semelhante, pelo tom e pelo modo como lhe falava: “Sou aquela que sou na Trindade Divina. Sou a Virgem da Revelação. Tu me persegues. Agora basta. Entra no Aprisco Santo, corte celeste na terra. Às nove sextas-feiras que praticastes antes de te desviares do caminho da verdade, deves a tua salvação... Deve-se rezar o rosário diariamente pela conversão dos pecadores e dos incrédulos e pela união entre os cristãos. Com esta terra de pecados operarei muitos milagres pela conversão dos pecadores. Para mostrar-te que esta visão é divina e não arte diabólica, como muitos hão de pensar, dou-te este sinal: deves andar pelas ruas e igrejas de Roma, e, ao primeiro sacerdote que encontrares, dirás: “Padre, quero falar-lhe”. E se ele te replicar: Ave Maria, filho, que desejas?, dirás o que te vier à boca. Este indicará outro sacerdote, que receberá a tua abjuração e se ocupará de ti. Sê prudente... A ciência renegará a Deus. Quando fores levar a mensagem secreta ao Santo Padre (Nossa Senhora lhe passou uma mensagem para ser entregue pessoalmente ao Papa), serás acompanhado por outro sacerdote”.

A visão desaparece lentamente, Maria sorri, insinua dois passos e vai embora voltando-se para São Pedro, enquanto um doce perfume invade a gruta. De fato, alguns dias depois, em 28 de abril, verificou-se a predição. Ao entrar na igreja de Todos os Santos, administrada por um dos filhos espirituais de dom Orione, se dirige ao Pe. Albino Frosi:

- Permita, padre, que lhe diga uma palavra...

- Ave Maria, filho, que desejas? Respondeu o Pe. Frosi.

- Sou protestante, mas quero tornar-me católico.

- Apresentá-lo-ei a quem melhor o atenda, retorquiu o padre.

Cumpriu-se à risca o sinal dado pela Senhora. O Pe. Frosi apresentou-o ao seu colega Pe. Gilberto Carniel, acostumado a tratar com convertidos.

Desde o dia 12 de abril, Bruno tornou-se outro homem, e essa conversão completa de um apóstata foi o primeiro milagre de graça operado em Tre Fontane. Bruno procurou reparar, segundo suas forças, o escândalo que havia dado e suportou pacientemente toda sorte de agravos. Todas as vezes que podia, dirigia-se à gruta para rezar, e nos dias 6, 23 e 30 de maio foi agraciado com novas visões.

Depois de receberem a necessária instrução, Bruno e sua mulher foram novamente admitidos no seio da Igreja Católica, no dia 7 de maio. Em 18 de maio, Gianfranco recebia o batismo, e Isola, a crisma e a primeira comunhão.

Na aparição de 30 de maio, Nossa Senhora enviou por meio de Bruno uma mensagem às irmãs filipinas, que naquela região se dedicavam à educação da juventude. Que rezassem pela conversão dos incrédulos, principalmente pelos incrédulos do bairro.

Em 9 de Dezembro de 1949, no final do Santo Terço rezado pelos maquinistas romanos na sua capela privada, Pio XII pergunta: “Algum de vocês quer falar comigo?”. Se aproxima Bruno, ajoelhando-se lhe pede perdão por ter tido a intenção de matá-lo, lhe entrega a Bíblia protestante e o punhal, no qual tinha escrito no cabo: “A morte ao Papa”, O Papa responde sorrindo: “Caro filho, com isso você não teria feito outra coisa senão dar um novo mártir a Igreja e um novo Papa”.


A expressão “Virgem da Revelação” que Nossa Senhora usou é, conforme a suposição de Locatelli, uma alusão à “Misteriosa Revelação”, o Apocalipse, e uma indicação de que atualmente vivemos nos tempos apocalípticos, e visto que, como protestante, Bruno lia outra Bíblia, é bem provável que o livro que Nossa Senhora segura na mão direita signifique a Bíblia católica.

Inúmeros são os milagres que se operam por meio da terra da gruta, por intercessão da Santíssima Virgem Maria.                                                                                                                         

As Revelações da Virgem de Tre Fontane 

Como acontece frequentemente com os videntes, a Santíssima Virgem continuou a aparecer-lhe ao longo de sua vida, até o seu falecimento em 2001. O autor Saverio Gaeta teve pleno acesso a todos os seus artigos e escritos, e relatou muitos episódios significativos e outras revelações transmitidas pela Virgem a Bruno, em seu livro Il Veggente. Em 12 de Março de 1983, Bruno escreveu estas palavras vindas da Santíssima Virgem:

 

“Amem-se uns aos outros. É tempo de um verdadeiro amor, para evitar uma grande catástrofe ambiental: uma guerra mais poderosa e destrutiva do que as duas últimas guerras mundiais. Sua Santidade deve ir como peregrino arrependido à Gruta de Tre Fontane e pedir às autoridades políticas e religiosas de todo o mundo que consagrem todas as nações ao Meu Imaculado Coração de Mãe. Esta será a última oportunidade que a misericórdia de Deus lhes envia do Seu amor paciente. O perigo está às portas, uma guerra atômica... e se não prestarem atenção às minhas palavras e fizerem o que digo, o resultado será inevitável. Homens que são imprudentes, irresponsáveis e orgulhosamente cheios de arrogância satânica querem que o mundo inteiro esteja em suas mãos. Eles nunca pensam no Reino Celestial. Quanto esforço é necessário para alcançar a paz, na verdade, sem a menor cautela, preparam-se para destruição. Estou a falar com todos vocês... as armas atômicas estão prontas para serem utilizadas, homens sem qualquer forma de consciência ameaçam utilizá-las e este perigo está muito mais próximo do que se pensa.”  

 O apelo de Nossa Senhora prosseguiu:

“Há muitos anos que tento avisá-los, mas não me escutam. Meu Filho, porém, por um ato de misericórdia, continua a deixar-lhes (por causa da minha intervenção) um período de tempo para refletirem na sua consciência. A chuva radioativa poluirá tudo, das plantas à água e dos animais ao homem. É por isso que devem refletir, porque isso pode ser evitado, como já lhes disse em 12 de abril de 1947, e também noutras ocasiões em anos passados. A atmosfera em si queimará tudo o que ainda é deixado para trás e você não será capaz de respirar. Você pode chamar de Apocalipse, mas na verdade é uma revelação que acontecerá se você não se converter. Continuareis cada vez mais expostos a perigos físicos e espirituais que representam um perigo mortal para a vossa alma, para o vosso espírito e para o vosso corpo. E você certamente não encontrará salvação em um bunker. É por isso que lhes exorto a procurar refúgio na Igreja, que é a minha filha, criada pelo meu Filho para a salvação de todo o mundo; mas devem fazer atos de verdadeira penitência e afastarem-se dos pecados da carne. Afastem-se do mundo e santifiquem-se com coisas santas. Rezem, meus filhos, rezem com fé e vocês serão salvos do Inferno de Satã que veio para o meio de vocês. É com amor de mãe que vos peço, por favor, escutem-me!”  

 

 

Fontes:



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